Cariri se aproxima do calor intenso dos meses “Bro-bró”

Foto: Joaquim Júnior - Jornal do Cariri

Diferentemente do que vem acontecendo nos últimos dias no Cariri, que tem registrado alta incidência de ventos e temperaturas amenas, principalmente durante a noite e a madrugada, o período entre os meses de setembro e dezembro é conhecido pelo registro de altas temperaturas e menor umidade do ar. Em anos anteriores, neste período, foram registradas as maiores incidências de calor: no dia 19 de outubro de 2016, em Barbalha, por exemplo,  o termômetro chegou a 39,2° C; 41,2º C em Penaforte, em 11 de outubro de 2024; e 41,7° C em Barro, em 8 outubro de 2022 e 25 de novembro de 2023. No ano passado, o município barrense passou quase 120 dias com temperaturas acima de 38º C.

Frank Baima, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), conta que o segundo semestre do ano, marcado pelo período seco no Ceará, traz duas estações bastante características para a população: a temporada dos ventos, que ocorre entre agosto e outubro, e o famoso "Bro-bró", nome popular dado aos meses que terminam com “bro”.

Segundo o profissional, a temporada dos ventos acontece principalmente no litoral, como resultado da atuação da Alta Subtropical do Atlântico Sul, um sistema de alta pressão que se aproxima da costa leste do Brasil nesta época do ano. Já o Bro-bró é associado ao calor intenso e à baixa umidade relativa do ar, condições típicas da reta final do ano.

Este fenômeno, de acordo com Frank, é mais sentido no interior do estado, por conta da maior escassez das chuvas e da predominância de dias ensolarados. “Essa condição favorece o aquecimento da superfície, resultando em temperaturas elevadas e sensação de calor mais intensa”, relata, ao dizer que, além disso, entram em cena dois fatores geográficos: a maritimidade e a continentalidade.

Enquanto, no litoral, o oceano Atlântico funciona como um grande regulador térmico, no sul do estado, onde está localizada a região do Cariri, prevalece o efeito da continentalidade. “Distante do oceano, não há o regulador térmico capaz de suavizar as variações de temperatura. Nessas condições, a superfície aquece rapidamente durante o dia, devido à incidência de radiação solar e perde calor acelerada à noite e na madrugada, em razão da ausência de nebulosidade”, explica. Sem a influência marítima, como cita Frank Baima, o ar torna-se mais seco e o calor se acumula com maior intensidade, resultando em um clima tipicamente quente e seco, com temperaturas que facilmente ultrapassam os 35 °C.

O meteorologista ainda destaca que, em decorrência do tempo quente, seco e com ventos intensos, instala-se um cenário propício ao aumento dos incêndios florestais no Ceará, configurando uma terceira temporada: a das queimadas. “A vegetação ressecada, associada ao calor e à força dos ventos, favorece a ignição e a rápida propagação do fogo, ampliando os riscos para o meio ambiente e para a população cearense”, finaliza o meteorologista.

Com informações do Jornal do Cariri

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